sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O conhecimento e sua socialização - divagações

O conhecimento humano é, por natureza, uma construção coletiva que, ao longo da História, vai se acumulando, evoluindo e modificando, passando por avanços e reviravoltas. O seu propósito deve ser o de beneficiar a humanidade inteira. Para isso, o conhecimento precisa ser compartilhado, ao invés de retido ou ocultado. Por outro lado, a autoria e a propriedade intelectual precisam ser respeitadas – não apenas por razões legais, mas também éticas: o respeito e a valorização daqueles que contribuem ativamente para o avanço das ciências, artes e pensamento.


Aqueles que se dedicam à construção do conhecimento – em qualquer de suas múltiplas expressões – merecem reverência e gratidão de toda sociedade. Não por serem “superiores” aos demais, nem por serem “donos” da verdade, mas por cada um estar contribuindo, de forma única e singular, para o avanço da civilização através de faculdades exclusivamente humanas como o raciocínio, o intelecto, a criatividade, a imaginação, a capacidade de abstração.


Portanto, cabe aos cientistas e pensadores se perceberem como integrantes da sociedade que detém possibilidades especiais de promover a melhoria da vida humana e, conseqüentemente, carregam a responsabilidade de colocar o fruto de suas pesquisas, reflexões e criações a serviço do bem-estar coletivo. Ao mesmo tempo, compete aos cidadãos, autoridades, empresas e governos darem o devido crédito aos autores e aos frutos desse trabalho, entendendo que quem se apropria do trabalho de outrem, sem sua expressa autorização, está roubando. É roubo, e ponto final.


Essas considerações são apenas para explicar que disponibilizei, em meu post anterior, links para diversas entrevistas e textos de minha autoria que podem ser localizados na internet. É minha esperança que sejam úteis para você, estimado(a) internauta. Caso o sejam, por favor, deixe um comentário...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Socializando entrevistas e artigos


A seguir encontram-se links para algumas das entrevistas e publicações de minha autoria que se encontram na internet, classificados em: (1) entrevistas filmadas, (2) entrevistas publicadas, (3) artigos científicos e capítulos de livros, e (4) tese de doutoramento.

ENTREVISTAS FILMADAS

  • Entrevista ao site do Bom Dia Bahia sobre adolescência, relacionamento pais - filhos, violência
http://ibahia.globo.com/bahiameiodia/materias_texto.asp?modulo=2906&codigo=151667
  • Entrevista ao site Painel Brasil TV sobre o lançamento do livro "Tá combinado! Construindo um pacto de convivência na escola", de minha autoria, e outros aspectos da cultura de paz

http://www.painelbrasiltv.com.br/novo/Entrevistas/index.asp?Programa=2&Entrevista=71&TipoVideo=1

ENTREVISTAS PUBLICADAS

  • Entrevista ao jornal A Tarde (Bahia), publicada em 15/06/2008, no Caderno Ciência e Vida, pág. 32, sob o título "Com o crime organizado não existe cultura de paz"
http://www.acao17.org.br/br/site/textos/textos_interna.php?publicacao=1340


  • Entrevista ao jornal A Tarde (Bahia), publicada em 05/07/2008, sob o título "A educação sexual precisa ter reflexões morais"

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=910445


  • Entrevista ao jornal Gazeta do Povo (Paraná), publicada em 10/04/2006, sob o título "Como nas guerras, violência nas escolas pode ter fim"

www.zero41.com.br/download.php?id_download=975


  • Entrevista sobre Cultura de Paz ao site da ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), sob o título "Olhar do especialista: A paz levada a sério" (Nov - Dez 2002)

http://www.andi.org.br/noticias/templates/boletins/template_cafiada.asp?articleid=621&zoneid=22


ARTIGOS CIENTÍFICOS E CAPÍTULOS DE LIVROS


  • "Cultura de paz e ambiências saudáveis em contextos educacionais: a emergência do adolescente protagonista" - texto em co-autoria com Rita de Cássia Dias Pereira de Jesus e Ana Cecília de Sousa Bastos, publicado por Educação (2006), da PUC - Rio Grande do Sul

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/448


    • "Adolescentes: De vítimas da violência a protagonistas da paz" - capítulo de minha autoria inserido no livro "Violência faz mal à saúde" (pp. 267 - 279) - Ministério da Saúde, 2004

    http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/04_1059_M.pdf

    • "De espectadores a protagonistas da Cultura de Paz" - texto de minha autoria publicado na 2ª edição do livro Na inquietude da paz (organizado por Ricardo Balestreri e publicado pelo CAPEC, 2003) - esse texto inclui reflexões sobre os principais desafios do Brasil na construção de uma cultura de paz e sobre protagonismo juvenil.

    http://www.dhnet.org.br/educar/balestreri/inquietude/feize_milani.htm#construir


    • "Adolescência e violência: mais uma forma de exclusão" - artigo de minha autoria publicado por Educar em Revista (1999), do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná

    http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/view/2055


    TESE DE DOUTORAMENTO

    Apresentada ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, para a obtenção do título de Doutor em Saúde Pública, sob o título "Violências x Cultura de paz: A saúde e cidadania do adolescente em promoção"

    http://www.bibliotecadigital.ufba.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=491

    sexta-feira, 12 de setembro de 2008

    O menino na pia





    O menino na pia me diz muita coisa. Seus olhos me fascinam, seu sorriso me convida, seus gestos me educam. A cena me hipnotiza e comove. Emoções se desdobram, memórias se revolvem e sonhos desabrocham ao contemplar o menino na pia.

    O menino na pia é a encarnação da alegria e simplicidade. Ele me recorda que, para ser feliz, basta não pensar no muito que me falta, mas focar naquilo que sou e disponho.

    O menino na pia é a personificação do relaxamento e bem-estar. Vive o momento presente como um presente a ser usufruído plenamente. Da pia, ele observa o mundo e conclui que o melhor é aproveitar cada instante. Agora, por exemplo, é a hora do banho e da curtição. A isto ele se entrega, sem reservas.

    O menino na pia é a expressão da liberdade, da leveza do ser. A água jorrando da torneira é uma grandiosa cachoeira, ele é um corajoso aventureiro, e os frascos de desodorante, seus distintos companheiros, com os quais, generosamente, divide seu fabuloso mundo. Com uma mente tão leve, a imaginação é abundante e o coração vive em paz.

    O menino na pia é a corporificação da fluidez, da confiança. Recebe e dá olhares amorosos, toques carinhosos, risos prazerosos. Recebe e dá afeto, alegria, aceitação. Não há tensão, retenção, pretensão ou ostentação. Apenas a intenção de viver e amar. Tal como precisamos aprender a ser.

    O menino na pia é a sensação gostosa de ser criança. E ser criança é coisa séria, dá muito trabalho. Afinal, não se deixar contaminar pelas preocupações e limitações dos adultos exige esforço e vigilância permanentes! Com sua cara satisfeita e sorriso maroto, o menino na pia não quer saber de “risco Brasil”, “escândalo da CPI”, “guerra ao terrorismo”. Ele deixa essas coisas para aqueles que já não cabem numa pia, já não sabem usufruir um banho, já não conseguem brincar com a imaginação que transforma o frasco de xampu ora em pato, navio, avião, peixe... O menino na pia sabe, consegue e vivencia tudo isso. E nem por isso se sente superior aos demais.

    O menino na pia é o contraponto ao executivo em sua onipotente poltrona empresarial e ao rei, em seu reluzente trono imperial.

    O menino na pia é o lembrete que eu, também, poderia ter estado lá, naquele estado de plena satisfação. Agora já não me é suficiente a pia, teria que ser uma banheira. Com hidromassagem! Ele, caso deseje, poderá um dia estar em meu lugar. Eu, no entanto, já não tenho mais a opção de estar no lugar dele. Para ele, tudo é futuro. Para mim, muita coisa ficou no passado e algumas, ocultam-se adiante nos labirintos do tempo vindouro.

    O menino na pia, para meu orgulho e honra, é meu sobrinho!

    PS: Escrito em 25.11.2004, em homenagem a Daniel Badi, meu amado sobrinho.

    sábado, 6 de setembro de 2008

    Ao (verdadeiro) mestre, com carinho

    Confesso que quando tu chegaste, tive a certeza de que irias aprender muito comigo. Não que eu fosse presunçoso ou preconceituoso, mas... vendo a tua aparência, jeito de se comportar e hábitos, foi essa a conclusão a que cheguei. Quando eu soube que nem falavas o nosso idioma, concluí que sem a minha assistência, não sobreviverias nessa terra tão estranha para ti. E assim, tomei para mim o papel de teu guia.

    A verdade é que gostei de ti desde o primeiro momento. Sentimento puro e espontâneo, daqueles que a gente sabe que é verdade e não ousa nem questionar. Gostei tanto que prometi a mim mesmo ensinar-te tudo o que sei. Que privilégio ele terá, pensei, ser meu aluno e absorver os meus ensinamentos!

    O tempo foi passando e eu continuava empenhado em te transmitir os conhecimentos e as habilidades que julgava indispensáveis para cresceres no mundo em que vivemos, já que vieste de um lugar bem diferente. Admirava-me com o fato de estares sempre disposto a aprender, mesmo que, às vezes, me parecesses um pouco lento. Mas sentia-me estimulado por demonstrares grande satisfação e sincera gratidão por cada lição que eu te transmitia. E continuava imaginando ser eu, de fato, o mestre.

    Como eu estava iludido! Demorei tanto tempo para perceber que, desde o princípio, tu é que estavas a me educar, abrindo-me novos horizontes, colocando-me diante de desafios inéditos, resgatando de minha alma o que há de mais íntegro e verdadeiro. Tu ias me educando e transformando com tanta sabedoria e sutileza que eu nem mesmo havia me dado conta, mas numa profundidade que nenhum outro mestre havia conseguido até então.

    Em minha ignorância, eu havia confundido a tua não-utilização de palavras com ausência de conhecimento; a tua pequena estatura com limitada capacidade; a tua simplicidade, com superficialidade; a tua alegria e espontaneidade com frivolidade. Em minha soberba, desejei que fosses igual a mim, criei expectativas daquilo que deverias alcançar, imaginei saber o que seria “o melhor” para ti, quis fazer por ti escolhas que eram tuas.

    Recordo-me que meu pai sempre dizia você só saberá o que é ser pai o dia em que tiver um filho. O tempo provou que ele tinha razão. Olhando para a minha vida em retrospectiva e na correta perspectiva, descubro maravilhado que tu, meu amado filho Naím, tens me educado desde o momento em que entraste em minha existência.

    Tu me ensinaste a ser pai e continuas a fazê-lo a cada dia. Tu abriste para mim as portas de uma nova dimensão do Amor, um amor que almeja a incondicionalidade, a pureza e o desprendimento absolutos, um amor que curou chagas de meu coração que pareciam incuráveis, um amor que vem me transformando num ser mais humano, digno e compassivo, um amor que me desafia a ir além, a crescer mais, um amor que faz de mim o mais forte de todos os homens e, ao mesmo tempo, o mais sensível.

    É bem verdade que te ensinei a falar a língua dos homens. Mas tu me lecionas a comunicação mais perfeita, que independe de palavras, pois conecta coração a coração e pode se expressar de infinitas formas -- pelo olhar, sorriso, toque, abraço, cafuné, colo, beijo, cheiro, riso, brincadeira, faz-de-conta, silêncio, ouvindo, e até mesmo, contando histórias, cochichando ou conversando.

    Aprendi contigo a beleza e o profundo significado dos pequenos gestos e das coisas simples, a regozijar-me com vitórias que podem parecer insignificantes para os obtusos. Tu me fizeste viver o presente com a máxima intensidade e, ao mesmo, pensar no futuro com responsabilidade.

    Pelos labirintos do cotidiano tu me conduzes, oferecendo silenciosas lições de paciência, diálogo, acolhimento, convivência e aceitação. Os misteriosos caminhos do coração vamos trilhando de mãos dadas, buscando, por nossa livre e espontânea vontade, construir a verdade de um afeto eterno.

    Sim, tu és o educador e eu, o aprendiz. Tu és o mestre e eu, o discípulo. E os ensinamentos e experiências que tu tens me proporcionado, meu filho, nenhum professor ou guru poderia transmitir.

    Sem tu, Naím, minha vida seria destituída de cor, sabor, odor e calor. Seria como uma pintura desbotada, refeição sem tempero, flor sem perfume, verão sem sol. Seria vazia, sem graça. E eu seria um homem realmente pobre, carente de tantas coisas lindas que tu me proporcionas. Acima de tudo, seria uma alma menos evoluída.

    É por tudo isto que desejo expressar tanto o Amor que sinto por ti, o qual palavra alguma jamais poderá descrever, abarcar ou traduzir, como também, a minha gratidão. Saibas, em teu coração, que sou infinitamente grato - a Deus, por haver me concedido o privilégio de ser teu pai, e a ti, por haveres me transformado.

    PS: Escrito em 26.01.1999 e publicado hoje, data de nascimento de Kamili, em homenagem ao meu filho primogênito, Naim.

    quarta-feira, 3 de setembro de 2008

    Esperando por Kamili

    Hoje acordei cedo, bem mais cedo de que o habitual, para esperar por você. Tenho esperado por você há nove meses. Não, minto, tenho esperado há muitos anos e, nos últimos nove meses essa esperança se intensificou exponencialmente. E hoje... bem, hoje é o dia.

    Hoje é o dia em que você deverá chegar. Assim nos disse a médica. E é assim que parece que será. Mas você não chegará sozinha. Junto consigo, você nos trará júbilo e regozijo, alegria e gratidão, orgulho e humildade, sonho e realidade, mundo angélico e mundo humano. Trará também uma nova energia e vitalidade, uma disposição maior de amar sem restrições, de doar-se, de ter paciência e ser compreensivo, de perdoar, de buscar o verdadeiro sentido da existência.

    Veja só que benção! O verdadeiro e incomparável presente é você, mas como bênçãos adicionais, você nos traz todas essas dádivas. Só posso recolher-me em minha alma e agradecer, agradecer profundamente por você estar chegando...

    Muito antes de haver posto os meus olhos sobre você, eu já havia lhe posto acima de qualquer prioridade. Nem lhe conheço ainda, mas você já ocupa vastas extensões desse planeta chamado “meu coração”, algumas das terras mais nobres e valorizadas.

    Dizem que toda vez que nasce um bebê, é um sinal de que Deus ainda tem esperanças na humanidade. Passei a acreditar nisso, e de coração! Seria inconcebível que o Pai Celestial, em Sua Suprema Generosidade e Infinita Graça, enviasse a este mundo almas puras e seres delicados como os bebês a não ser que Ele realmente acreditasse que o ser humano é capaz de transformar o globo em um lugar maravilhoso e feliz, um lugar condigno para receber esses seres especiais.

    É assim que eu lhe aguardo, Kamili. Sentindo-me privilegiado e despreparado, ansioso e indigno, feliz e esperançoso. Seja muito bem-vinda! Que a sua vida seja um testemunho dos mais elevados valores e nobres virtudes que se pode almejar – não como meta a ser conquistada em definitivo, mas como motor que impulsiona e Norte que guia na caminhada, no processo da caminhada!